Torcedores são condenados por ataque de ódio a Vinícius Júnior

justiça espanhola condena torcedores do Atletico de Madrid que cometeram crime de ódio contra ele em 2023

16 jun, 2025
Vinicius Junior agradecendo a torcida após gol feito |
reprodução/x/@ObRacialFutebol
Vinicius Junior agradecendo a torcida após gol feito | reprodução/x/@ObRacialFutebol
Vinicius Junior agradecendo torcida após gol feito

Em uma decisão histórica, a Justiça espanhola condenou quatro torcedores do Atlético de Madrid por um crime de ódio cometido contra Vinícius Júnior. O caso, que chocou o mundo do futebol em janeiro de 2023, envolveu a exposição de um boneco pendurado pelo pescoço com a camisa do atacante brasileiro, acompanhado de uma faixa provocativa próxima ao centro de treinamentos do Real Madrid, ato visto como de extrema agressividade.

Dois anos depois, o veredicto chegou: prisão com sentença suspensa, proibição de frequentar estádios e aproximação do jogador, além da obrigação de frequentar programas antirracistas.

Um julgamento que marca época

A sentença reconhece que o ato foi mais do que uma provocação de arquibancada: houve um ato racista, disfarçado de rivalidade esportiva. E pela primeira vez, isso foi considerado em documentos legais, mesmo já sendo uma pauta discutida ha anos, e uma luta própria do jogador.

Um dos torcedores foi condenado a 22 meses de prisão; os outros três, a 14 meses. Embora as penas estejam suspensas, o que significa que, por ora, ninguém irá diretamente para a cadeia. As penas vêm acompanhadas de punições duras: os quatro não poderão chegar perto de Vinícius, frequentar estádios, trabalhar com menores ou atuar em esportes. E mais: terão que passar por programas de reeducação sobre igualdade racial.

Não foi um caso isolado

Este episódio é só mais um entre tantos vividos por Vinícius desde que chegou à Espanha. Em Valência, em Valladolid, em estádios por todo o país, os gritos de “macaco” e gestos ofensivos se repetiram. Mas, aos poucos, o cerco está se fechando, e essas pessoas se veem sem espaço nos estádios, a luta de Vinicius tem sido de muito valor nos últimos anos.

Nos últimos meses, decisões da Justiça espanhola têm começado a tratar insultos racistas com o peso que merecem. O futebol, e a sociedade, começam a entender que a liberdade de torcer não inclui o direito de humilhar e nem de desrespeitar uma pessoa, não só uma pessoa, mas uma raça.


Vinícius Júnior em campanha da seleção contra o racismo.(foto/x/@ruanrlx)

Um símbolo da luta

Vinícius, que aos 24 anos se tornou símbolo global de combate ao racismo no esporte, reagiu diversas vezes com indignação, lágrimas e coragem. Recebeu apoio institucional, viu campanhas se multiplicarem, e agora presencia a primeira vitória concreta nos tribunais, que mesmo parecendo pouco, já é muito para uma luta que dura décadas e décadas.

Não é sobre revanche. É sobre justiça. É sobre transformar o grito de ódio em silêncio constrangido. É crucial demonstrar que, apesar da tardia idade, o sistema pode e deve ser implementado, independente do caso e do que aconteceu.

O que esperar daqui para frente?

A expectativa é que esse caso abra precedente. Não apenas na Espanha, mas em qualquer lugar onde o futebol ainda sirva de palco para o preconceito. A punição aos torcedores do Atlético de Madrid envia uma mensagem clara: quem transforma o esporte em arena de racismo, vai responder por isso, na lei, não só no grito, pois o futebol, não é um lugar impune das leis da sociedade.

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